Alta temperatura do Nordeste brasileiro e circuito travado de menos de 1.800 metros acirram a disputa na quarta corrida da temporada.
Não há contestação, no âmbito da Fórmula Truck, ao fato da quarta das nove etapas do Campeonato Brasileiro representar um momento único no calendário da categoria. A prova de domingo (1º) no Autódromo Internacional VirgÁlio Távora, em Eusébio, cidade da Grande Fortaleza, oferece aos pilotos e Á s equipes desafios que, em condições normais, não costumam ser lembrados nos fins de semana de corrida em outras praças.
Um dos fatores que mais preocupam os pilotos na etapa cearense está relacionado Á combinação de duas caracterÁsticas bastante singulares – as altas temperaturas tÁpicas do Nordeste brasileiro e a extensão do circuito, o mais curto dos nove que recebem corridas da Fórmula Truck, com apenas 1.780 metros. “As duas coisas, aliadas, vão provocar um desgaste fÁsico acentuadoâ€, alerta Vinicius Ramires, vice-campeão da categoria no ano passado.
Vinicius, que compete na Truck com um caminhão Mercedes-Benz Axor 2044, descreve a dificuldade adicional que os pilotos enfrentam em Fortaleza. â€œÉ uma pista de volta muito rápida e com retas curtas, nós trabalhamos o tempo todo na cabine. Não existe aquele trecho de reta em aceleração plena em que o piloto pode, normalmente, dar uma respirada para começar o trabalho de novoâ€, indica o paulista da equipe Ramires Rodobens Truck Team.
A atividade fÁsica intensa sob o calor de 33 graus estimado pelos institutos de meteorologia para o momento da corrida exigirá preparo fÁsico dos 25 pilotos. “Nós não sabemos o quanto esse desgaste fÁsico vai comprometer o desempenho de cada piloto aqui em Fortaleza, até porque não há referencial para issoâ€, cita o paranaense Pedro Muffato, da Scania, vencedor da prova em 2006. “Os que não tiverem um bom preparo terão dificuldadesâ€, alerta.
A falta de referencial citada por Muffato deve-se ao fato da prova de 2006, a primeira da categoria no circuito cearense, ter sido disputada sob chuva, com a pista molhada e temperaturas bem mais baixas. Vencedor daquela corrida, o piloto da MP Motorsport coloca-se entre os mais cotados Á conquista do primeiro lugar na etapa deste domingo, que terá largada Á s 14h de BrasÁlia, com transmissão ao vivo para todo o Brasil pela Rede Bandeirantes.
A sensação térmica durante treinos e corridas varia de piloto para piloto. Dentre outros fatores, pelo preparo do caminhão. O Scania de Muffato é dotado de uma chapa de alumÁnio térmico para bloqueio parcial da temperatura do motor. “A temperatura dentro da cabine, com o calor daqui, chega a uns 45 grausâ€, revela. “Alguns pilotos não têm esse revestimento nos caminhões. Para esses, o calor na cabine vai se aproximar dos 60 grausâ€, ele expõe.
Além do calor, os pilotos do primeiro pelotão manifestam, também, uma preocupação especial com o tráfego durante os 60 minutos de prova. “Como a pista é muito curta, os pilotos da frente vão encontrar os últimos colocados muitas vezes durante a corridaâ€, antevê Ramires. “Com os caminhões no mesmo nÁvel, é complicado ultrapassar nessa pista, vai ser fundamental largar na frente. Com os retardatários, é possÁvel ‘negociar’ o tráfegoâ€, considera.
Em três etapas, três pilotos – cada um defendendo uma marca – subiram ao degrau mais alto do pódio nesta temporada. A abertura do campeonato teve o brasiliense Geraldo Piquet conquistando a vitória em Cascavel com um Mercedes-Benz. Em Tarumã, na Grande Porto Alegre, o vencedor da segunda etapa foi o paranaense Leandro Totti, com um Ford. A terceira, em São Paulo, foi vencida pelo paulista Felipe Giaffone, piloto da Volkswagen.
A liderança do Campeonato Brasileiro de Fórmula Truck está nas mãos de outro paulista, Roberval Andrade, da Scania. Quinto colocado em Cascavel e segundo nas outras duas etapas, ele soma 54 pontos. Tem 15 de vantagem sobre Giaffone, vice-lÁder. O pernambucano Beto Monteiro, da Ford, é o terceiro com 33. Piquet, com 31, o paranaense Wellington Cirino, também da Mercedes, com 29, e Totti, com 28, completam as seis primeiras posições na tabela.