Em meio aos mais variados obstáculos enfrentados no RN1500 a ProMacchina vence com os paranaenses MaurÁcio Neves/Leandro Ferrarini em primeiro.
O RN1500 foi avassalador. Diferente das outras edições, este ano a chuva foi o maior obstáculo encontrado pelos organizadores, competidores e equipes que estiveram presentes no rali. Inesperadamente um mundo d’água invadiu o Rio Grande do Norte, cada dia de RN1500 era um desafio a ser superado de forma totalmente diferente de tudo que o esporte viveu até aqui.
O RN1500 é uma competição com quatro dias de prova e que acontece inteiramente dentro do estado do Rio Grande do Norte, nele a variação de terrenos e a qualidade técnica dos trechos escolhidos pela organização do evento ofereceram aos competidores nos últimos anos ralis bastante elogiados por seus participantes. Desta forma, a expectativa de todos para a edição 2009 foi a melhor possÁvel, até a chuva aparecer…
No primeiro dia de competição entre as cidades de Natal e Currais Novos, apenas 38 dos 129 quilÁ´metros previstos puderam ser cumpridos e a ProMacchina Rally saiu na frente com MaurÁcio Neves e Leandro Ferrarini garantindo o melhor tempo do dia.
“Em um trecho tão curto, é fundamental ser arrojado e andar forte para conquistar uma boa colocação e foi isso que fiz para abrir a prova já com um bom resultado na mão”, explicou MaurÁcio Neves ao confirmar a conquista do melhor tempo no primeiro dia de competição. Felipe Bibas e Emerson Cavassim chegaram em terceiro e Riamburgo Ximenes/ Stanger Eller foram prejudicados com um pneu furado e problemas com o macaco hidráulico.
No segundo dia de rali, os 154 quilÁ´metros entre as cidades de Currais Novos e Assu tiveram que ser cancelados devido a grande quantidade de chuva que permanecia banhando a região. Durante o deslocamento entre as cidades, podemos perceber que essa chuva intensa, forte e persistente, afetou de tal forma a região que algumas cidades começaram a ser invadidas pelas águas. Em alguns lugares, os rios praticamente encostavam nas pontes, casas e regiões mais baixas corriam o risco de serem tragadas e simplesmente não parava de chover.
No terceiro dia de competição, o comboio deixou Assu rumo a Guamoré, e a organização conseguiu viabilizar duas voltas em um mesmo trecho de pouco mais de 70 quilÁ´metros, já descontado o radar. O dia amanheceu inspirador com sol, calor e uma vontade enorme dos competidores para acelerar. MaurÁcio Neves/Leandro Ferrarini largou em primeiro, fez um especial limpa, em um trecho que alternava obstáculos como enormes poças d’água, a retões onde chegava-se a 170km/h mesmo com a terra pesada e encharcada da chuva. MaurÁcio chegou, vários minutos se passaram e nenhum outro competidor apareceu. O segundo carro na trilha, Jean Azevêdo/ Youssef Haddad, naufragou em trecho com muita água impedindo que seus concorrentes pudessem dar continuidade Á prova. Em seguida, alguns competidores contornaram o obstáculo e voltaram ao trecho, reiniciando o rali para quem conseguisse segui-los. Em meio a tudo isso, dentro da trilha apenas um carro ultrapassou todos os obstáculos conforme o roteiro original, a dupla ProMacchina MaurÁcio Neves/ Leandro Ferrarini, que fechou o dia com o tempo de 1h05min.
Enquanto MaurÁcio e Leandro esperavam notÁcias sobre o que acontecia, os outros lutavam para conseguir chegar ao fim. Felipe Bibas/ Bina Cavassim, estavam junto com o restante do comboio e Riamburgo Ximenes/Stanger Eller quebraram no inÁcio da especial. Para decretar a validade da etapa, a organização determinou dividir a especial em três partes, considerando pontos alternados como pedaços que somados viabilizaram o resultado do terceiro dia.
Com esta decisão MaurÁcio Neves/ Leandro Ferrarini, única dupla a concluir a especial foi prejudicada e caiu da primeira para a segunda colocação. Felipe Bibas/ Bina Cavassim passaram a pontuar em sétimo e Riamburgo/ Stanger em vigésimo terceiro lugar.
No quarto e último dia do RN1500, o roteiro inicial previa 130 quilÁ´metros de emoção, mas desde a chegada do comboio do RN1500 a Guamoré chovia intensamente. O quarto dia amanheceu debaixo de chuva e ela não parava. A organização havia criado um novo corte no trajeto para conseguir viabilizar a especial, seriam duas voltas em um trecho de 33 quilÁ´metros totalmente nas dunas.
Dunas encharcadas d’água, nas quais tudo se torna ainda mais complexo. Sem visibilidade apropriada, confunde-se trechos molhados com regiões de areia movediça, dunas ganham batentes que facilmente resultam em acidentes, a areia fica propensa a afundar os menos experientes no terreno porque está com muito acúmulo de água e por todos estes motivos, os pilotos de comum acordo decidiram optar pelo cancelamento da quarta e última etapa do RN1500. Decisão tomada em conjunto e que visa valorizar o esporte e sua segurança.
“A organização do Rally RN1500 fez o seu melhor. As chuvas chegaram de tal forma e quantidade que até a semana do evento não puderam ser mensuradas e previstas de forma apropriada. Pilotos e Navegadores de todo o Brasil presenciaram a alegria do povo e sua felicidade em receber o nosso comboio ainda que em meio a tristeza das chuvas e inundações. Em cada cidade que o rali aportou, nos sentimos levando alegria e mostrando que apesar dos dias ruins aquelas cidades e lugarejos eram muito queridos por nós. O rali movimentou a economia de cada cidade que passou, levou alegria e incentivo, e de volta recebemos carinho, sorrisos, acenos e torcida por onde passávamos”, comentou Fellipe Bibas, que pela primeira vez participou de um RN1500
“Não largar foi uma decisão muito difÁcil de ser tomada por amarmos acelerar, mas ciente das condições de tempo e terreno, optamos por minimizar danos, garantindo nossa segurança, evitando possÁveis acidentes e compreendendo as condições que estávamos enfrentando. Nosso esporte é feito de superação e conquistas nas mais diversas condições de terreno, mas a chuva intensa se tornou um obstáculo perigoso e sem dó. QuerÁamos todos largar mas, em casos como este, querer nem sempre é o mais adequado a se fazer, por isso todos acabaram concordando com o cancelamento”, falou MaurÁcio.
“Este foi um rali atÁpico, onde venceu quem soube ser ousado em cada segundo de prova. MaurÁcio provou ser merecedor deste tÁtulo ao ser o melhor em todos os trechos disputados. Nunca estive em um rali com tanta água e com tantas situações inesperadas, quebrar todas as vezes que entrei no trecho foi desanimador, mas faz parte, agora só queremos saber do que vem pela frente, o Sertões “, confessa Ximenes.
Somados os resultados dos dias válidos e suas especiais, a vitória do RN1500 2009 foi de MaurÁcio Neves/ Leandro Ferrarini. Felipe Bibas/Emerson Cavassim fecharam o RN1500 na terceira colocação e Riamburgo Ximenes/ Stanger Eller após quebrarem novamente no terceiro dia aparecem em 36º no resultado final.
Começam agora os preparativos para o Rally Internacional dos Sertões que acontece de 23 de junho a 3 de julho, de Goiânia, GO, Á Natal, RN.