O sábado, sem sombra de dúvidas, foi o dia mais difÁcil do Rally dos Sertões. Na maior especial desta edição, foram percorridos 457 km entre Palmas, no Tocantins e Alto ParnaÁba, no Maranhão, passando pelo Deserto do Jalapão. Esta foi a primeira parte da etapa maratona, onde o apoio mecânico não é permitido. Teria sido um dia emocionante para nós, mas descobrimos que os estragos de ontem foram maiores do que imaginávamos e apenas realizamos a largada simbólica, percorremos 500 metros e retornamos aos boxes.
Ao sairmos de uma lombada na especial de ontem, nosso carro atingiu com muita violência o solo, onde havia uma depressão. Além da suspensão dianteira, a homocinética e o diferencial dianteiro também quebraram – transformando o carro em um 4×2. Em uma etapa maratona, onde não poderÁamos contar com a ajuda mecânica, é preciso estar com o carro em condições impecáveis, por isso decidimos não arriscar.
Com isso, também não participaremos da especial de 187 km ligando Alto ParnaÁba a Corrente no domingo, assim como muitos outros competidores que também ficaram pelo caminho. A não realização desses dois dias resultará em uma punição, que só será conhecida quando chegarmos em Corrente na segunda-feira, para a disputa do quinto dia, um trecho cronometrado de 273 km com destino a Barra, na Bahia.
Agora, teremos tempo o suficiente para fazer uma revisão completa de nossa S10. Depois, nossa tarefa será recuperar o tempo perdido, mas com muita responsabilidade, já que o objetivo principal é levar o carro inteiro a Porto Seguro.
Está sendo impressionante a receptividade das pessoas em cada uma das cidades por onde estamos passando. No hotel aqui em Palmas, por exemplo, os funcionários foram muito solÁcitos, nos emprestando uma cadeira de rodas – já que a minha estava desmontada – e até retirando a porta do banheiro de nosso quarto para facilitar o acesso do Paulo. Esse gesto de carinho e respeito nos deixou muito feliz.
Paulo e Alcides Polido
Paulo Polido é o primeiro piloto deficiente fÁsico a participar do Rally dos Sertões, tendo ao lado o pai Alcides como navegador em uma Chevrolet S10 adaptada. Paraplégico desde os 19 anos, Paulo participa do grupo do protocolo de células-tronco do Instituto de Ortopedia e Traumatologia da USP e está Á frente da ONG Viqui (Viver com Igualdade, Qualidade e Integridade), que luta pela causa do deficiente.