Dupla da Medley inicia último terço do Rally dos Sertões.
O sétimo e antepenúltimo dia do Rally dos Sertões – um trajeto de 278 quilÁ´metros entre Seabra e Brumado, na Bahia – foi muito complicado para nós. Completamos o deslocamento final, após a especial de 168 km, nos arrastando. Em um percurso muito duro e cheio de pedras, nossa embreagem foi para o espaço. Estamos esperando a análise dos mecânicos, mas acreditamos que o cabo da embreagem se rompeu.
Atravessamos trechos de altÁssima velocidade, o que contribuiu bastante para a quebra. Acredito que ganhamos cinco posições hoje (da 30ª para a 25ª). Quer dizer, isso se ficar provado que não ultrapassamos a velocidade limite em um dos trechos, onde o radar estava muito escondido. Apenas percebemos sua presença ali quando estávamos bem perto e reduzimos a velocidade de 150km/h para 30km/h em poucos metros. Outro fator que nos desgastou bastante foi o bastante calor dessa região.
Vimos nos últimos dias que as cidades do interior da Bahia, por onde passamos, não possuem nenhuma estrutura especial para os deficientes fÁsicos. Duvidamos que, em uma cidade de 180 mil habitantes como Brumado, não existam deficientes. Esperamos encontrar melhores condições nos próximos dias.
Voltando ao assunto rally, amanhã sairemos daqui com destino a Cândido Sales, também na Bahia. É uma especial muito parecida com a de hoje, dotada de muitas pedras, com destaque para algumas áreas lisas e perigosas. Estamos bastante cansados e percebemos que realizar um evento como este não é fácil. É uma superação a cada dia. Talvez, por inexperiência, não soubemos montar uma equipe mais dinâmica, mas sempre existe uma primeira vez para aprender. E completar essa experiência com a chegada em Porto Seguro será nossa maior vitória. Faltam apenas dois dias!
Paulo e Alcides Polido
* – Paulo Polido (Medley) é o primeiro piloto deficiente fÁsico a participar do Rally dos Sertões. Paraplégico desde os 19 anos, Paulo participa do grupo do protocolo de células-tronco do Instituto de Ortopedia e Traumatologia da USP e está Á frente da ONG Viqui (Viver com Igualdade, Qualidade e Integridade), que luta pela causa do deficiente.