Papo de Box: Uma corrida a 30 anos atrás, por Oscar Sajovic

Eu ia tentar mais uma vez.Roubar a pole de Toninho.
Mas já estava passando do limite.
Sabia que não iria ser fácil.
Mas valia a pena.

Simões me pediu para não arriscar e bater.


E ficar fora da corrida.


Simões era um Amigo de infância.


Que sempre procurava me ajudar na corridas.



Sai do box concentrado.


Ao me aproximar da curva de entrada da reta do box.


Já vim forte.


Contornei a curva muito bem.


E tive certeza que ali.


Já viria alguma melhora no tempo.



Desci a reta de Guaporé.


E comecei a contornar a curva 1.


No limite extremo.


Se não perdesse tempo.


Iria largar na pole.


Mas o carro começou a escapar.



Os pneus já estavam muito desgastados.


Meu companheiro de Equipe.


Não havia trazido os pneus.


Como havia ficado combinado.



Eu havia treinado na sexta feira.


Com um jogo de pneus novos.


Que Áttila me havia pedido para acamar.


Áttila havia separado de Paternostro.


Haviam dividido a Equipe.


Para que os dois pudessem disputar o tÁ­tulo.


Meu companheiro de Equipe havia me convidado.


Para integrar sua Equipe.


Mas se mostrava contrariado.


Com meus melhores resultados.



Eu havia vencido em Cascavel.


E chegara em Goiânia em 3º na primeira bateria.


Empurrando-o, para chegarmos em Luis Otávio que liderava.


Mas tivera problemas no segundo estágio do carburador na segunda  bateria e abandonara.


Essa era a terceira corrida pela Layro`s jeans.


E novamente Eu estava Á  sua frente.



Eu sentia a situação melar.


Nore, nosso patrocinador, gostava muito de mim.


Mas Eu não iria fazer nenhuma traição.


Com meu companheiro de Equipe.



Senti o carro derrapar em direção Á  zebra.


E tentei controlar a derrapagem.


Mas a batida na zebra foi forte demais.


Ainda saÁ­ forte.


Mas percebi a suspensão desalinhada.


Ao ver a direção desalinhada.


E senti o carro desequilibrado na curva do radiador.


Abortei a volta.


E vim para o box.



Simões estava com a fisionomia preocupada.


Quando entrei no box.


Nei, o mecânico da Equipe.


Já havia percebido o problema.


E Lhe contado.



SaÁ­mos do Autódromo e fomos para a revenda.


Desmontamos a suspensão e tentamos prensar a coluna.


Para recolocá-la na posição onde fosse possÁ­vel.


Conseguir a cambagem necessária.


Mas passamos do ponto e estragamos a coluna.



Resolvemos o problema.


Quando Áttila quis trocar.


Um escapamento que Toninho havia me dado, por uma coluna.


Toninho usava escapamentos com o diâmetro um pouco maior.


Do que Eu usava.


No cronÁ´metro, Eu considerava que os tubos de escape que Eu usava.


Proporcionavam melhor rendimento.


Enchiam melhor o motor em média rotação.



Acabamos ficando com a segunda posição no grid com o tempo de 1m37, 36s.


Toninho da Matta ficou com a pole com o tempo de 1m37,14s.



Quando fomos jantar.


Nossos Amigos de Guaporé.


Estavam todos contentes.


Com nossa colocação.


E quiseram nos levar para o baile.


Mas fomos dormir.


Guaporé era uma cidade muito receptiva.


Quando vÁ­nhamos chegando na Cidade.


Viajávamos com o carro de corrida, um Passat TS.


Todo adesivado e com os números.


Os carros que cruzavam conosco.


Vinham acendendo os faróis e seus ocupantes, acenando.



Meu companheiro de Equipe ficara em 8º e já não conversava mais comigo.


Nei, o Mecânico da Equipe, tentava ficar neutro.



Já não me recordo bem da largada.


Mas sei que sustentei a posição por algumas voltas.


Até que comecei a perder posições.


Devido ao mau estado dos pneus.


Eu estava correndo com os pneus que usara na corrida anterior, Goiânia.


Fui perdendo posições e terminei a primeira bateria em 8º.


Meu Companheiro de Equipe terminou em 12º.



No intervalo das duas baterias, corriam os classe C, Opalas da Chevrolet  e Mavericks da Ford.


Edgar Mello Filho estava liderando o Campeonato, que viria a ganhar, dos classe C.


Antonio Castro Prado, Eduardo Dado Andrade, Paulão Gomes,  Ricardo Soares que havia feito a pole e venceria a corrida, Marcos Troncon, Reinaldo Campelo, Henrique Damo o mais rápido de Ford, Rommel Pretto, Almir Valandro e Júlio Tedesco eram fortes concorrentes. 



Nesse intervalo, apareceu em nosso box, Toninho da Matta.


Perguntando o que tinha acontecido.


Porque havia perdido tantas posições.


Pneus, Eu Lhe disse.


Ele quis saber se Eu tinha outros.


Quando Eu Lhe disse que não, Ele me convidou para ir com Ele ao seu box.


Chegando lá, me mostrou um pilha enorme de pneus.


E mandou Eu escolher um jogo.


Eu recusei e ele então escolheu os 4 que eu teria escolhido.


Só me pediu para devolver as rodas.



Larguei bem, em 8º, mas meu Companheiro de Equipe queimou a largada.


E veio para me atingir na freada da curva um.


Tomei uma pancada na traseira do carro.


E não consegui controlá-lo.


Rodei no meio do pelotão.


A situação mais desagradável, para um Piloto.


E fui atingido por uma porção de carros.



Terminei jogado no guard rail, de ré.


CaÁ­ para último.


Tive que religar o carro.


E voltei para a pista.


Pensando em abandonar.



Junqueira, envolvido na batida, parou nos boxes para reparos.


Julguei que o carro não estivesse mais em condições de correr. 


Mas, ao voltar para a pista e balançá-lo, de um lado para outro.


Me pareceu perfeito.


E voltei para a corrida.


Em último e muito atrasado.



Ao passar pelo curvão.


Vi o Público todo me incentivando.


Torcendo para mim.


E peguei um ritmo muito forte.


E comecei a me aproximar dos carros Á  frente.


Empurrado pela torcida.


Vim pensando em acertar meu Companheiro de Equipe.


Jogá-lo para fora do Autódromo.


Sem pensar que destruiria os carros.


Inclusive o meu.



Me aproximei dos irmãos Mourão.


De um Piloto local.


Do Clementão Faria Neto.


Do Mário Pedro.


E fui ultrapassando-os.


Até chegar em meu Companheiro de Equipe.


No terço final do retão.


Vim preparado para Lhe bater.


Ele ainda fazia alguns acenos de dentro do carro.


Querendo que Eu ficasse atrás dele.



Ao me aproximar.


Ele trouxe o carro para a esquerda.


Me bloqueando a ultrapassagem.


Mas Eu derivei para a direita.


Para que Ele pensasse que Eu não iria tentar a ultrapassagem.


E Ele voltou também para a direita, para procurar o melhor traçado.


AÁ­, então, Eu derivei o carro para esquerda.


Pensei que deveria humilhá-lo.


Com a ultrapassagem.


E arrisquei.


Enfiei o carro, quase com as rodas na grama.


Sabia que Ele iria tentar bater novamente.


Freei, já pendurado.



Vim derrapando, e subi na zebra na saÁ­da da curva.


Ele ainda tentou bater.


Mas Eu acelerei  antes dele.


Mostrei-Lhe o punho cerrado e o perdi de vista rapidamente.



No terço final da corrida, cheguei em um trio da pesada.


Áttila, Pater e Soldam que chegara em 2º na primeira bateria.


AÁ­ eu já era o sexto.


E cada vez que passava no curvão.


O Público delirava.


Me enpurrava para frente.


Áttila foi 8 vezes Campeão em sua carreira.


Tenho-O, como um Piloto muito rápido.


Um dos melhores que conheci.


Pater conquistou um sem números de tÁ­tulos.


E era muito agressivo na pista.


Valter Soldam, depois de uma temporada espetacular na F Ford, aqui no Brasil.


Havia ido correr de FFord na Europa.


Onde fizera muito sucesso.


Mas tivera que voltar.


Quando acabara o dinheiro do patrocÁ­nio.


Nesse ano, Chico Serra, havia sido Campeão de F Ford, no Campeonato Inglês.



Pater liderava esse trio.


Quando Áttila abriu para ultrapassá-lo.


Eu vinha atrás de Soldam.


Quando fui puxado pelo vácuo dos carros de Áttila e Pater.


Tirei de trás de Soldam e emparelhei.


Mas o meu carro vinha muito rápido.


E observei que havia um pequeno espaço ainda.


Para tentar ultrapassar Áttila e Pater.


E continuei acelerando.


Tirei de trás de Áttila e emparelhei com Eles.


Iria ser difÁ­cil.



Se não escapasse muito.


Conseguiria manter a posição.


Fiquei pendurado.


Atravessei na pista.


Mas saÁ­ na frente deles.


Acelerei e fui embora.



Quando passei em frente aos boxes.


Observei Simões e Nei comemorando a ultrapassagem, na maior alegria.


Cheguei rapidamente em Toninho da Matta.


Ele acenou para mim.


Me pediu para empurrá-lo.


Era um jogo gostoso.


Empurrar e ser puxado, pelo vácuo do carro Á  frente.


ConseguÁ­amos ser mais rápidos.


Que outro carro que não estivesse se utilizando desse artifÁ­cio.


Mais de 1 segundo.



O barulho do carro Á  frente.


Encanava por baixo do nosso, fazendo muito mais barulho.


E o nosso, ficava instável.


Por entrar em um local de baixa pressão.


Onde a aerodinâmica quase deixava de influir.


Era preciso trabalhar bastante a direção, para não sair da trajetória.


Comecei a empurrá-lo.


E fomos nos aproximando de Luis André Ferreira, da Equipe Condor, o lÁ­der.


Era visÁ­vel a aproximação que conseguÁ­amos.


Eu já vinha fazendo contas.


Pensando em que posição ficaria na soma das duas baterias.



Ocupava o terceiro lugar.


E ainda não tinha acabado a corrida.


Poderia melhorar.


Luis estava na nossa alça de mira.


Estávamos já a 50 metros dele.


Mas no final do retão o motor do meu carro falhou.


E perdi terreno.


Vi Toninho se distanciar.


Achei que havia acabado.


Mas no trecho seguinte o carro voltou a andar bem.


E Voltei a me aproximar dele.



Mas novamente, no final do retão o motor voltou a falhar.


E o sintoma foi ficando mais forte.


Falhando cada vez mais.


Comecei a perder posições.


E terminei em oitavo novamente.


Foi triste, perder aquela posição.


Hoje ainda dói, lembrar.



A batida que tomei de meu Companheiro Equipe.


Amassou o tanque.


E fechou o respiro do tanque.


No final da corrida.


A bomba de combustÁ­vel já não conseguia “puxar” combustÁ­vel para o motor.


Descobrimos isso, quando fomos consertar o carro para voltarmos.


Fica aqui nossa lembrança e homenagem ao gentil Povo de Guaporé.


 


Nesse momento, quando temos boas notÁ­cias, sobre a recuperação de Cristiano da Matta, após o acidente na F Indy, expressamos nossos votos de recuperação rápida


 


Fiquem com Deus e rezem.