Histórias: Equipes americanas Parte 4

O www.SpeedRacing.com.br publica hoje a última parte das histórias das equipes americanas na F-1

Equipe Shadow


Don Nichols fundou a Advanced Vehicle System Inc., em 1968, construindo o primeiro carro em 1970, para a disputa do campeonato da Can-Am. Batizando o carro de Shadow, sombra em inglês. Existe uma grande duvida sobre o passado de Don Nichols, alguns dizem que ele é na verdade o Major Don Nichols, que atuou durante as guerras da Coréia, na década de cinquenta e Vietnã, no inicio dos anos sessenta a serviço da CIA, mas os detalhes sobre Nichols dizem que ele viveu no Japão nos anos sessenta vendendo pneus Firestone e Goodyear. O emblema da equipe trazia a figura do famoso personagem de Walt Disney, um espião.


Os primeiros modelos aos poucos foram se tornando competitivos e no final de 1972 Nichols anunciou a intenção de ingressar na F-1. Com o apoio da UOP (Universal Oil Products). Para o projeto de design do carro foi contratado Tony Southgate que veio da BRM e Alan Ress, ex March, assumiu a gerência do time. O inglês, Jackie Oliver, e o norte americano, George Follmer, pilotos da equipe na Can Am foram levados para a F-1. Follmer era estreante, mas Oliver já tinha experiência na categoria, tendo sido inclusive piloto da Lotus em 1968.


O primeiro modelo da equipe, Shadow DN 1, foi construÁ­do na garagem da casa de Southgate e equipado com o motor Ford-Cosworth, enquanto a equipe construÁ­a uma fabrica em Northampton. A equipe não veio para os dois primeiros GPs de 1973, na Argentina e no Brasil, fazendo sua estréia no GP da África do Sul, com Follmer conseguindo um ótimo sexto lugar. Na corrida seguinte, GP da Espanha, o norte-americano surpreendeu terminando em terceiro. As corridas seguintes não trouxeram nenhum bom resultado até o GP do Canadá, penúltimo do ano. Oliver terminou em terceiro. O bi-campeão Graham Hill usou um terceiro carro, com o apoio de um patrocinador, mas não marcou nenhum ponto durante o ano. No final foram 9 pontos e o 8º lugar entre os construtores.


Oliver e Follmer voltaram para os EUA para se dedicarem somente a Can-Am em 1974. Este campeonato porem foi interrompido depois de apenas 5 etapas, Oliver sagrou-se campeão e Follmer, vice, com o Shadow DN 2. A categoria ficou paralisada até 1977.


Na F-1 foram contratados o norte-americano Peter Revson e o francês Jean Pierre Jarier, campeão Europeu de F-2 em 1973. No dia 22 de março Revson sofreu um acidente em um teste no circuito de Kyalami, uma semana antes do GP da África do Sul. A suspensão de seu Shadow quebrou, o carro bateu na barreira matando o piloto de 35 anos. A equipe não participou da prova. O inglês Brian Redman, que já havia pilotado para a equipe no GP dos EUA de 1973, substituiu Revson nos três GPs seguintes, com o sueco Bertil Ross disputando o GP da Suécia. Foi sua única participação na F-1. A partir do GP da Holanda o novato galês Tom Pryce assumiu o carro no restante da temporada. Ele marcou um ponto com o 6º lugar no GP da Alemanha. O melhor resultado da equipe foi o 3º lugar, de Jarier, no GP de MÁ´naco. Foram 7 pontos e o 8º lugar no mundial de construtores.


Para 1975 foi mantida a dupla de pilotos, Jarier e Pryce. O novo Shadow DN 5 surpreendeu, com Jarier fazendo a pole para as duas primeiras etapas do ano, na Argentina e no Brasil, mas abandonando ambas no inÁ­cio da corrida. O carro mostrou-se rápido, com ambos os pilotos largando sempre entre os primeiros, outra pole foi marcada, com Pryce na Inglaterra. O galês conseguiu os melhores resultados para a equipe, o 3º lugar no GP da Áustria e a vitória na Corrida dos Campeões, tradicional prova extra-campeonato. Porém devido ao alto numero de abandonos, 18 em 28 largadas, a equipe somou apenas 9,5 pontos no mundial de construtores ficando em 6º lugar no mundial. Jarier pilotou uma Shadow com motor Matra em 3 etapas, mas estes motores estavam garantidos, com exclusividade para a nova equipe francesa, Ligier, para 1976. Nos EUA a Shadow competiu, com Oliver, na F-5000.


No inicio de 1976 a UOP retirou o apoio dado á equipe, que ficou em sérias dificuldades financeiras. O ano foi difÁ­cil, o 3º lugar, de Pryce, no Brasil, foi o melhor resultado conquistado. Jarier não marcou nenhum ponto. Pryce marcou 10 pontos dando a equipe o 8º lugar entre os construtores. Southgate deixou a equipe no final do ano, indo para a Lotus. Nichols decidiu fechar a equipe nos EUA


Jarier mudou-se para a nova equipe ATS em 1977. Pryce continuou na equipe, com o novato italiano Renzo Zorzi. Franco Ambrosio, rico homem de negócios italiano, passou a patrocinar a equipe. Zorzi terminou em 6º o GP do Brasil. Mas a fatalidade apareceu nas pistas no GP da África do Sul. Zorzi teve problemas na bomba de gasolina, parando ao lado da pista, dois bombeiros vieram para apagar um pequeno incêndio no carro, atravessando a pista. Pryce não conseguiu desviar, acertando um dos bombeiros, que morreu instantaneamente. Porém o extintor de incêndio que o bombeiro carregava bateu na cabeça de Pryce, matando o piloto. O australiano Alan Jones foi contratado para o lugar de Pryce. Zorzi deixou a equipe depois do GP da Espanha, sendo substituÁ­do por outro piloto de Franco Ambrosio, o italiano Riccardo Patrese. Oliver, Merzario e Jarier substituÁ­ram o jovem italiano em 3 GPs no decorrer da temporada. Patrese marcou um ponto, com o 6º lugar no Japão. Alan Jones surpreendeu conquistando a vitória no GP da Áustria, com o modelo DN 8, depois de largar apenas em 14º. A sorte combinada com a chuva que caiu antes da prova foi determinante para a vitória de Jones que liderou apenas 11 voltas. Esta foi a primeira e única vitória da equipe na F-1. Jones marcou 22 pontos no mundial de pilotos, terminando em 7º, mesma posição da equipe no de construtores, com 23 pontos.


No final de 1977, Jackie Oliver, Alan Ress, Tony Southgate, que havia retornado a equipe depois de seis meses na Lotus, junto com o principal patrocinador da equipe Franco Ambrosio, e seu piloto Riccardo Patrese, decidiram deixar a equipe. Junto com outros membros da Shadow eles fundaram a Arrows.


Nichols entrou na justiça contra a Arrows, que conseguiu bons resultados na temporada, alegando que o Arrows FA 1 era uma cópia do Shadow DN 9. Nichols venceu a batalha, e o FA 1 foi proibido de correr.


Novamente com pouco dinheiro, a equipe contratou os experientes Clay Regazzoni e Hans Stuck Jr. Mas os resultados foram fracos, apenas três 5º lugares. O americano Danny Ongais, por duas vezes, tentou classificar-se para largar com um 3º carro. Foram 6 pontos e o 11º lugar entre os construtores.


Dois estreantes, trazendo patrocÁ­nios diferentes, assumiram o carro para a temporada de 1979. O italiano Elio de Angelis e o holandês Jan Lammers. O 4º lugar, com de Angelis, na ultima etapa, GP EUA-Leste, foi o único bom resultado no ano. Estes 3 pontos deram a equipe o 10º lugar nos construtores.


1980 foi o último e melancólico ano da equipe. Apesar de várias modificações nos carros, os pilotos não conseguiam classificar-se para as corridas. O sueco Stefan Johansson tentou em duas provas, o inglês David Kennedy em seis e o também inglês Geoff Less em cinco. Less foi o único a conseguir tempo para alinhar, no GP da África do Sul, na 24º e ultima posição, terminando em 13º. Foi o ultimo GP da história da equipe. Depois de não classificarem para a largada do GP da França, Nichols resolveu fechar a equipe. O espolio da equipe foi vendido para Teddy Yip, dono da Theodore.


A Shadow disputou 104 GPs, com uma vitória, três poles, duas melhores voltas e 67,5 pontos conquistados.