piloto brasileiro Sérgio Jimenez será uma das ausências no grid da Fórmula GP2 na rodada dupla deste final de semana, que acontece em paralelo ao GP da França de Fórmula 1, no circuito de Magny-Cours. O jovem talento paulista teve que interromper a sua participação no campeonato por falta de patrocinadores que financiassem o seu projeto de carreira.
Jimenez é piloto da equipe espanhola Racing Engineering, que acreditou no talento do brasileiro e lhe deu a oportunidade de estrear na mais importante categoria de acesso Á Fórmula 1, disputando as três primeiras rodadas da temporada. Jimenez retribuiu a confiança da equipe marcando pontos logo em sua segunda participação na GP2, com um sétimo e um quinto lugares na rodada de Barcelona. O trabalho do brasileiro no desenvolvimento do acerto do carro também foi seguidas vezes elogiado pelo time espanhol.
“A Racing Engineering, com seus patrocinadores espanhóis, me deu uma grande oportunidade de aparecer na GP2. É uma equipe de muito potencial e tenho muitos amigos lá dentro”, afirma Jimenez. “Entendo a posição da equipe, que necessita de investimento para manter profissionais de alto nÁvel e um carro em boas condições de competitividadeâ€, acrescenta. “Estou batalhando para conseguir viabilizar economicamente este projeto, mas infelizmente quando se trata de automobilismo, no Brasil, o apoio é praticamente nuloâ€, arremata.
Jimenez admite que optou pela GP2 consciente do enorme desafio técnico e financeiro que teria pela frente em 2007. “A GP2 é o lugar onde se deve estar se você quiser chegar Á F1 bem preparado. Eu poderia ter escolhido caminhos mais fáceis, nos quais o custo para competir seria muito menor. Mas acredito que só andando entre os melhores você pode provar até onde pode chegar”, sintetiza.
Falta de apoio
A falta de um programa institucionalizado de formação de pilotos no Brasil é um dos fatores que põe em xeque o futuro da representatividade do paÁs em categorias top do automobilismo. “PaÁses como França, Alemanha, Inglaterra, Espanha, Turquia e muitos outros possuem programas de financiamento para carreiras de pilotos de competição. Isso não existe no Brasil, seja com patrocinadores ou com apoio oficial de federações”, exemplifica Jimenez. “Infelizmente os pilotos brasileiros que chegarão Á Fórmula 1 nos próximos anos só conseguirão isso exclusivamente por iniciativa própria, já que não há apoio no paÁs para esse tipo de esporte”, sublinha o piloto. “Procure lembrar quantos brasileiros competiam na Europa há seis ou sete anos e veja quantos competem hoje em dia. O automobilismo brasileiro continua brilhante em talento, mas sem iniciativas de apoio não há renovação. Cada um tem que se virar como pode.”, dispara Jimenez, que no kart foi contemporâneo de nomes como Lewis Hamilton, Nico Rosberg, Robert Kubica e Heikki Kovalainen, todos pilotos titulares na F1 na atualidade.
Ciente das dificuldades, Jimenez vem enfrentando uma maratona de contatos e negociações no Brasil e na Europa, buscando apoio para voltar ao carro número 15 da Racing Engineering em breve. “Estou nas pistas desde os 10 anos de idade. Isso é o que amo fazer e o que mais quero da vida. Nunca tive vida fácil no automobilismo e vou seguir batalhando para atingir os meus objetivos.”, avisa. Neste final de semana, na França, o piloto brasileiro será substituÁdo pelo venezuelano Ernesto Viso, outro contemporâneo de Jimenez no kart, que está em seu terceiro ano na GP2. Ironicamente, a carreira de Viso sempre foi financiada com forte apoio de empresas de seu paÁs, que o levaram até a condição de piloto de testes na Fórmula 1, função que o venezuelano exerceu pela equipe Spyker justamente no último GP Brasil de Fórmula 1, em outubro de 2006.