Fórmula-1: Haas explica saída de Steiner e cita relacionamento com Ferrari na F1

Fundador da equipe americana se diz envergonhado por distância para a parceira italiana e aponta decepções com comando de Steiner: “Tudo se resumiu a performance”

O mundo da F1 se chocou com o anúncio da saída de Guenther Steiner da chefia da Haas, nesta quarta-feira. Em entrevista ao site da categoria, Gene Haas – fundador e dono da equipe americana – apontou a performance nas pistas como principal motivo por trás da demissão do dirigente, que comandava o time desde 2016.

O chefe de engenharia de pista da Haas, Ayao Komatsu, foi promovido ao cargo deixado pelo italiano. Tudo se resumiu a performance. Aqui estamos em nosso oitavo ano, mais de 160 corridas, e nunca tivemos um pódio. Nos últimos anos, fomos décimo ou nono (no Mundial de construtores). Não estou aqui dizendo que é culpa do Guenther, ou algo assim. Apenas parece que esse era um momento apropriado para fazer uma mudança e tentar uma direção diferente, porque não parece que continuar com o que temos vai realmente funcionar – disse Haas, acrescentando: Eu gosto do Guenther, ele é uma pessoa muito bacana, uma personalidade muito boa. Tivemos um fim de ano difícil. Não entendi isso, realmente não entendi. Essas são boas perguntas para fazer ao Guenther, o que deu errado. No fim do dia, é sobre performance. Não tenho mais interesse em ser décimo.

Steiner era o terceiro chefe com mais tempo à frente de uma equipe na F1 atual, perdendo apenas para Christian Horner (RBR) e Toto Wolff (Mercedes). Foram oito temporadas no comando, desde a estreia da Haas em 2016, tendo como ápice um quinto lugar no Mundial de construtores em 2018.

Analisando a demissão de Guenther, Gene Haas também relembrou o relacionamento próximo de sua equipe com a Ferrari na F1. A escuderia italiana fornece não apenas a unidade de potência e a caixa de câmbio, mas também itens como a suspensão e outras peças cuja troca é permitida pelo regulamento da Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Ao falar sobre a parceria, Gene Haas exaltou o relacionamento com a Ferrari, mas também se mostrou envergonhado pela falta de sucessos maiores na elite do automobilismo. A Ferrari tem sido muito boa para nós. Eles estão conosco desde o dia 1, constroem motores incríveis. A suspensão é extremamente boa. Temos usado muitas das ferramentas deles, funciona muito bem. Eles realmente nos ajudam. Estou envergonhado que não tenhamos conseguido fazer melhor com ela (parceria), mas indo em frente, quero aproveitar o bom equipamento que muitos dos outros times não têm – completou Haas.

O gestor mencionou o relacionamento entre RBR e AlphaTauri como exemplo de colaborações entre equipes no grid da F1. Para Haas, a meta é que o time americano se aproxime mais da Ferrari nas pistas. As coisas vão ficar muito mais competitivas. A RBR tem a AlphaTauri, estamos começando a ver esses relacionamentos evoluírem, e acho que a competição vai ser bem intensa, então ter uma parceira como a Ferrari vai ser muito importante. Estamos felizes em permanecer com a Ferrari, espero que possamos ajudá-los em termos de confiabilidade. (…) Mas temos que fazer melhor. Não podemos correr tão atrás da Ferrari, precisamos estar mais próximos deles. A passagem de Guenther Steiner pela Haas foi marcada por altos e baixos. O time debutou na zona de pontuação no GP da Austrália, em 2016, e Kevin Magnussen cravou a pole position da corrida sprint no GP de São Paulo de 2022 – mas, em 2020, o time foi vice-lanterna de equipes com três pontos. Em 2021, a equipe ficou zerada na tabela.

Por que escolher Komatsu?
Perguntado sobre a promoção de Ayao Komatsu, Gene Haas comparou seu novo chefe de equipe a Steiner, destacando diferenças na personalidade dos dois. O fundador da equipe americana vê o engenheiro japonês com uma abordagem mais voltada a análises estatísticas. Acho que Guenther tinha uma abordagem mais humana para tudo, com as pessoas, com a forma que interagia com elas. Era muito bom nisso. Ayao é bem técnico, olha para tudo baseado em estatísicas: é isso que estamos fazendo mal, onde podemos melhorar. É uma abordagem diferente. Realmente precisamos de algo diferente, porque não estávamos indo bem assim. Como disse, tudo se resume a oito anos, lanterna (na tabela). Nada mais que eu possa dizer a respeito.

Ayao Komatsu tem mais de 20 anos de experiência no automobilismo, tendo iniciado sua carreira na British American Racing (BAR); ele também trabalhou na Renault. Aos 47 anos, o japonês integra a Haas desde 2016. A F1 retorna em 2 de março de 2024 com o GP do Bahrein, primeira de 24 etapas na maior temporada da história da categoria. Veja o calendário completo aqui, assim como as sedes e GPs a receber as seis corridas sprint. Fonte: GE