A permanência de Michael Schumacher na Fórmula 1 está por um fio. Estrategista da escuderia há quase dez anos, braço direito do alemão desde os tempos de Benetton e peça-chave nas conquistas de seus sete tÁtulos, o inglês Ross Brawn deixará a categoria ao fim da temporada.
O diretor técnico ferrarista decidiu tirar um ano sabático para ficar mais próximo da famÁlia, que vive na Inglaterra. O afastamento temporário foi revelado pela edição de ontem da revista inglesa “Autosport”.
Com a saÁda de Brawn, tornam-se mÁnimas as chances de renovação de contrato do alemão. Na semana passada, em mais uma rodada de negociações com o time, Schumacher condicionou seu “sim” Á s permanências de Brawn e de Jean Todt, o diretor-geral da Ferrari.
Efeito dominó, a aposentadoria do alemão abriria caminho para Felipe Massa continuar na Ferrari. A outra vaga para 2007 já está fechada: será do finlandês Kimi Raikkonen.
Os contratos de toda a cúpula, incluindo o do hexacampeão, acabam 31 de dezembro. E o cenário mais provável, hoje, é o de desmantelamento da estrutura: mesmo não confirmado, Todt também pode sair. O francês cogita um ou dois anos de férias com a namorada.
Schumacher, Todt e Brawn, ao lado do projetista Rory Byrne e do engenheiro Paolo Martinelli, formaram o núcleo que deu Á Ferrari, de longe, os melhores anos de sua história.
O primeiro a chegar foi Todt, em 1993, como diretor esportivo. Dois anos depois, ele convenceu Luca di Montezemolo, presidente da escuderia, a contratar Schumacher, então bicampeão, com a Benetton.
Após um 1996 fraco, o alemão conseguiu levar para Maranello seus homens de confiança: Brawn e Byrne, que se juntaram a Martinelli, responsável por desenhar os motores.
Em nove temporadas desde então, Schumacher conquistou cinco Mundiais de Pilotos e quebrou todos os recordes da F-1. Já a Ferrari obteve seis Mundiais de Construtores.
Em Budapeste, onde a categoria se reúne a partir de hoje para a disputa do GP da Hungria, a Ferrari vai avaliar o impacto do vazamento da informação. O plano era anunciar os planos para 2007 no fim de semana de Monza, em setembro.
Pesquisador nuclear apaixonado por automobilismo, Brawn largou o emprego num instituto inglês para trabalhar na Fórmula 3, com a March, em 1976. De lá chegou Á Fórmula 1, na Williams. Passou ainda por Beatrice e Arrows antes da Benetton.
Foi ele o responsável pelas estratégias da maioria disparada das 89 vitórias do alemão. Até por isso, é o maior amigo de Schumacher no time. Até por isso, sua saÁda diz muito.