O Grande Prêmio da Espanha frequentemente gera debates sobre sua permanência no calendário da Fórmula 1. Apesar de ter havido anos em que o país ibérico sediou duas corridas, as renovações mais recentes têm sido onerosas.
Um dos principais pontos de receita para a Liberty Media é o valor pago pelos organizadores das corridas. O Circuito da Catalunha permaneceu nos últimos anos devido aos vultosos investimentos feitos pelo governo local. No entanto, apesar da exposição internacional gerada, os custos têm sido questionados.
Recentemente, o projeto de Madri tem ganhado destaque. Embora Barcelona esteja no calendário desde 1991, a Liberty Media está explorando a ideia de realizar corridas em locais turísticos. Cidades como Miami e Las Vegas já entraram nessa abordagem, e Madri também está sendo considerada, apesar do forte apelo de Barcelona (mesmo que a pista esteja nos arredores da cidade).
Madri já teve uma conexão com a Fórmula 1 por meio do Circuito de Jarama, localizado a 30 km da cidade. Esse circuito permanente, com características sinuosas e curto, esteve no calendário de 1968 a 1981, compartilhando o GP da Espanha com Montjuich (circuito citadino de Barcelona). No entanto, devido à necessidade de obras e realocação de recursos, a corrida foi suspensa, retornando apenas em 1986 em Jerez.
O projeto de Madri, gerenciado desde 2021, é uma iniciativa privada para a criação de uma pista de rua. A Prefeitura local expressou apoio ao projeto, enviando cartas à Liberty Media. O principal impulsionador do projeto é o IFEMA (Institución Ferial de Madrid), um espaço criado em 1980 para a organização de feiras e eventos.
A pista seria construída ao redor do IFEMA, uma área que a Prefeitura de Madri deseja promover, passando também nas proximidades da Ciudad Deportiva do Real Madrid. Isso poderia ser um atrativo notável para a corrida e para o clube, um dos maiores do mundo, beneficiando tanto a Fórmula 1 quanto os patrocinadores.
Vale ressaltar que o IFEMA foi o local da primeira edição da F1 Exhibition, uma grande exposição organizada pela Liberty Media a partir deste ano para mostrar a Fórmula 1 em todos os seus aspectos e contar sua história.
Não está claro se a entrada de Madri implicaria na saída de Barcelona. A disputa entre as cidades é complexa, envolvendo também questões políticas, como os anseios separatistas da Catalunha. Não se descarta a possibilidade de coexistência das corridas ou até mesmo um sistema de alternância, semelhante ao que ocorria nas décadas de 60/70.
A Fórmula 1 busca equilibrar a expansão de mercados e receitas sem perder sua identidade. A valorização da categoria levou a Liberty Media a manter a política de Bernie Ecclestone de buscar novos locais para aumentar a receita. As equipes, apesar das queixas sobre o excesso de corridas, acabam sendo beneficiadas financeiramente.
O jornal El Mundo relata que o anúncio da corrida deveria ter sido feito na semana passada, mas problemas técnicos impediram. Estima-se que Madri poderia ganhar cerca de 450 milhões de euros e desembolsar cerca de US$ 40 milhões por ano por 10 anos. Esse montante representaria um substancial aumento em relação aos US$ 25 milhões pagos pela Catalunha na última renovação, válida até 2025.