Peso extra prejudica desempenho assim como queda da temperatura, que acarretou dificuldade para aquecer pneus e diminuiu aderência na pista do Albert Park.
O trabalho nas duas semanas de intervalo entre os GPs do Barein e da Austrália já começa a render frutos para a Virgin Racing, equipe estreante que é defendida por Lucas Di Grassi (Clear, Eurobike, Sorocred, Schioppa, Locaweb). O time já apresenta rápida reação em termos de durabilidade e permitiu que o piloto brasileiro fizesse séries maiores de voltas sem nenhum inconveniente neste quesito.
“Nosso objetivo é fazer esta corrida como se fosse um teste, chegando ao final da prova”, afirmou. “E quando o carro estiver totalmente confiável, o foco vai ser a melhora no desempenho”, apontou. O 22º lugar obtido para o grid, no entanto, não demonstra a real condição do VR-01, primeiro carro a ser completamente desenvolvido no CFD, dispensando o uso do túnel de vento.
“Não é a nossa posição real por causa do peso extra que estamos carregando”, revelou o piloto, que assim como o companheiro de equipe, tem sido instruÁdo por seu engenheiro a ir para a pista com uma quantidade maior de combustÁvel, ao contrário do que ocorre normalmente em treinos classificatórios, quando os pilotos usam uma quantidade mÁnima de gasolina para diminuir o peso, e consequentemente, conseguir tempos de volta mais rápidos.
A medida trata-se de uma precaução em virtude de um problema enfrentado na sexta-feira com um dos pescadores de combustÁvel (que leva a gasolina do tanque para o motor) do VR-01. Nick Wirth, projetista do modelo da Virgin, explica que tanto o carro de Lucas como o do alemão Timo Glock estão indo Á pista sempre com combustÁvel extra, o que acarreta sobrepeso.
“Além disso, sou mais alto e mais pesado que o meu companheiro de equipe, e só esta diferença já representa cerca de oito décimos no tempo de volta”, apontou o brasileiro. “Então, acho que em condições normais nós estarÁamos mais próximos dos carros da Lotus”, analisou.
Além do peso extra em seu VR-01, houve outro fator que impediu o brasileiro de conquistar tempos de volta mais baixos durante o classificatório. Fator externo que pegou alguns outros pilotos de surpresa: a súbita queda da temperatura ambiente – e por conseqüência, do asfalto – entre o terceiro treino livre, realizado durante a manhã (no horário australiano), e a sessão que definiu as posições no grid.
“O treino livre foi bom, consegui dar várias voltas”, afirmou Lucas, que marcou o 21º tempo da sessão e ficou Á frente de seu companheiro de equipe na Virgin Racing, o alemão Timo Glock. “Depois disso melhoramos um pouco o acerto, mas a temperatura na hora da classificação baixou 10 graus, o que tornou a tarefa de aquecer os pneus bem mais complicada, e o carro ficou muito instável e difÁcil de guiar, nos impedindo de maximizar a performance do carro nas voltas lançadas”, explicou o brasileiro, que ficou com a 22ª posição no grid de largada.
Este foi um drama comum enfrentado por alguns pilotos em Melbourne. Felipe Massa também afirmou logo após o treino classificatório que por causa da queda de temperatura ele não conseguia maximizar o desempenho dos pneus em suas voltas rápidas.
Entretanto, o estreante brasileiro se mostra otimista para a corrida, que tem largada marcada para as 3 horas da manhã (horário de BrasÁlia) deste domingo (28), com transmissão ao vivo pela Rede Globo. “Gostei da pista. Ela é mais rápida do que parece, mas tem muitas ondulações, o que para o nosso carro não é o ideal. O carro está melhor, não tivemos mais problemas hidráulicos. Depois de um inÁcio difÁcil, encontramos o caminho certo, e repito: quero fazer a corrida com o objetivo de terminá-la”, disse.