Não era neste domingo (9) que a sorte ia virar as costas e cruzar seus braços para Dario Franchitti. E ela, talvez ensaiada por um diretor dos mais competentes de cinema, só o fez ser campeão nos metros finais do GP de Chicago, que marcou não só a decisão da temporada da IRL, mas o “match” direto dos dois postulantes ao tÁtulo no fim da corrida.
A ausência de combustÁvel na última volta no tanque do carro de Scott Dixon deu ao escocês a glória que esperava desde 1999 — ano em que, ainda na época da Cart, teve de amargar o vice com exatamente o mesmo número de pontos do colombiano Juan Pablo Montoya, que então corria pela Ganassi.
Se largou na pole, Franchitti de cara não pareceu ter o melhor dos acertos para a prova. Logo foi superado pelas duplas da Penske — Sam Hornish Jr., de despedida, e Helio Castroneves — e da Ganassi — Dan Wheldon e Dixon —, andando a maior parte do tempo em quinto, comboiado por seus companheiros, ora Danica Patrick, ora Tony Kanaan — este esporadicamente. Por Marco foi pouco ajudado, afinal uma peça se quebrou do carro do norte-americano, arremessando-o para a barreira de segurança e provocando a primeira bandeira amarela do dia, na volta 34.
A Tony, aspirante Á taça apenas por Ánfimas questões matemáticas, a corrida representou o caos. Logo no 18º giro, o brasileiro viu-se obrigado a ir para os boxes por conta de um pneu furado. Com uma volta a mais, tinha de esperar pelas paradas dos demais para recuperar-se. Só obteve tal êxito no terço derradeiro do GP, quando já se via fora da disputa.
Os resultados durante cerca de 80% da corrida favoreciam Scott, que teve em Wheldon finalmente um parceiro. Mas o roteiro da corrida começou a ser alterado em prol dos mocinhos da temporada com o acidente de Vitor Meira na volta 134. Naquele momento, Dixon fazia seu reabastecimento e trocava pneus, Franchitti assumia momentaneamente a liderança e todos os demais já haviam visitado os boxes. Scott e Dario passaram a ocupar primeiro e segundo lugares e, durante a limpeza de pista e conserto do “safer-barrier”, ambos aproveitaram para juntos voltarem aos pits para se entupirem de etanol visando completar a prova sem novas paradas.
O desespero passou a tomar conta de Franchitti, que, via rádio, queixava-se não conseguir ir bem na linha interna do oval. Foi facilmente superado novamente pelas Penske, por Wheldon e Danica, outra que berrava com a Andretti Green, que lhe passava ordens de serventia de escudo ao escocês. Faltando 15 voltas, Dario, em quinto, conseguiu passar Helio e tentou os últimos ataques, quiçá ciente de que o esforço do ano aproximava-se de ser arremessado em um latão.
Mas os coadjuvantes começaram, um a um, a ir novamente aos pits. E Dixon e Franchitti viram-se novamente no duelo decisivo. AÁ Danica foi imprescindÁvel: em sua entrada na área dos boxes, afobou-se e rodou, sabe-se lá se de propósito a pedido do time, e provocou bandeira amarela na 194ª passagem. Enquanto Dario embutia na traseira de Scott aguardando a relargada, Patrick esmurrava o volante e o capacete pelo “erro”.
A quatro voltas do fim, veio o pano verde. Franchitti relargou tão bem que parecia superar Dixon, pela faixa de fora. Contudo, de fato, seu carro não era dos melhores, mesmo. Três, duas voltas, bandeira branca, o neozelandês era supremo, vinha na reta oposta, contornava a última curva e repentinamente agoniou-se com a lentidão do carro número 9. Dario, que vinha quase no vácuo, desviou rapidamente e partiu, com punho erguido, para a vitória que herdou sabe-se lá de onde e o primeiro tÁtulo na categoria. Scott ainda ficou classificado em segundo por ambos serem os únicos que estavam no mesmo giro.
Hornish deixa a IRL com um terceiro lugar, Castroneves terminou em quarto e Kanaan cruzou em sexto, conquistando a terceira posição no campeonato.
Confira o resultado da etapa final da IRL em Chicago:
1. Dario Franchitti (Andretti-Green) 200 voltas
2. Scott Dixon (Chip Ganassi) 200
3. Sam Hornish Jr. (Penske) 199
4. Helio Castroneves (Penske) 199
5. Scott Sharp (Rahal-Letterman) 199
6. Tony Kanaan (Andretti-Green) 199
7. Ryan Hunter-Reay (Rahal-Letterman) 198
8. Hideki Mutoh (Panther) 198
9. Buddy Rice (Dreyer & Reinbold) 198
10. A.J. Foyt IV (Vision Racing) 198
11. Danica Patrick (Andretti-Green) 198
12. Sarah Fisher (Dreyer & Reinbold) 196
13. Dan Wheldon (Chip Ganassi) 193
14. Marty Roth (Roth Racing) 190
15. Milka Duno (Samax) 184
16. Ed Carpenter (Vision) 164
Não completaram:
Kosuke Matsuura (Super Aguri Panther)
Vitor Meira (Panther)
P.J. Chesson (Roth Racing)
Tomas Scheckter (Vision Racing)
Darren Manning (AJ Foyt Racing)
Marco Andretti (Andretti-Green)
A classificação do campeonato terminou assim:
1. Dario Franchitti – Andretti Green, 637 pontos
2. Scott Dixon – Ganassi, 624
3. Tony Kanaan – Andretti Green, 576
4. Dan Wheldon – Ganassi, 466
5. Sam Hornish Jr – Penske, 465
6. Hélio Castroneves – Penske, 446
7. Danica Patrick – Andretti Green, 424
8. Scott Sharp – Rahal Lettermann, 412
9. Buddy Rice – Dreyer & Reinbold, 360
10. Tomas Scheckter – Vision, 357
11. Marco Andretti – Andretti Green, 350
12. Vitor Meira – Panther, 334
Fonte: Grande Prêmio