Criada em 1979, a Stock Car está Á s vésperas da abertura de sua 27ª temporada. Na esteira do crescimento vertiginoso que começou a experimentar a partir do ano 2000, marcado pela estréia de um chassi desenvolvido especialmente para a categoria, várias novidades serão vistas pelo público que comparecer ao Autódromo de Interlagos, em São Paulo, no dia 9 de abril.
A chegada de uma terceira montadora – a Volkswagen passa a brigar com a General Motors e Mitsubishi – e o renovado formato dos treinos classificatórios serão as faces mais visÁveis do processo de modernização idealizado pelos organizadores.
A Equipe Medley se preparou para defender o tÁtulo conquistado por Giuliano Losacco no ano passado. Os dois carros que completaram a campanha vitoriosa foram totalmente desmontados e revisados. “Trocamos várias vezes de carro em 2005. Agora, estão novamente 100% novos. SubstituÁmos praticamente todos os componentes, como triângulos e mangas de suspensão, bombas, uniball, tudoâ€, explicou o diretor-técnico Andreas Mattheis.
O bicampeão Losacco e o companheiro de equipe Guto Negrão acreditam que podem brilhar em 2006. “Estou confiante. Acho que poderei fazer novamente um bom campeonato, mas é sempre prudente esperar pelas primeiras provas. Todos conhecem o equilÁbrio da Stock Car e o alto nÁvel das equipes e pilotosâ€, ressalva. Guto é só ansiedade. “O ano passado foi um dos mais complicados da minha carreira. O carro não nasceu bem e, na parte final, a equipe com toda razão concentrou o foco no Giuliano, que precisava de atenção especial para se manter na disputa do tÁtulo. Agora, além de receber um carro totalmente refeito, me sinto em melhores condições. Até a vitória neste domingo no Trofeo Maserati fez parte da minha preparaçãoâ€, lembra.
Sobre as mudanças no regulamento esportivo, Losacco e Guto têm opiniões diversas a respeito do sistema de superclassificação, inspirado no atual modelo da Fórmula 1. “Acho que o formato é muito bom. Tenho apenas uma preocupação com os circuitos pequenos, como Londrina e Santa Cruz, onde o tráfego pode ser um problema. Mas será igual para todosâ€, observa Guto. Losacco alerta para o risco de distorções no grid. “Vai virar meio que uma loteria. No esquema antigo, com tomadas individuais, os resultados eram mais justosâ€, compara.
Os playoffs – nas últimas quatro das 12 etapas haverá uma pontuação em separado para os 10 primeiros colocados que disputarão o tÁtulo – também dividem os parceiros. “Será estranho se alguém que ganhar uma das quatro corridas finais não estiver nesse grupo. O playoff faz sentido na Nascar, onde o calendário tem mais de 30 corridas. Aqui, não estou seguroâ€, ressalva Guto. Losacco defende o conceito. “Haverá mais gente com chances de ser campeão. Pode dar certo.â€
Num ponto, no entanto, ambos estão de acordo. A presença de mais uma montadora é salutar, mas deveria ser acompanhada de investimentos em equipes e pilotos – em última análise, os grandes responsáveis pelo show. “Já está na hora de as fábricas entrarem com mais ousadiaâ€, defende Guto. “As montadoras deveriam ter equipes oficiais, como em várias categorias internacionaisâ€, reivindica Losacco.