Três dos maiores nomes do automobilismo nacional de competição participaram de palestras do Clássicos de Competição. Com sala lotada foram relembradas várias corridas das décadas de 50 e 60.
As palestras do Clássicos de Competição reservaram uma grande surpresa para o público presente. Mario Cezar de Camargo Filho, o Marinho, Bird Clemente e Luis Pereira Bueno, grandes Ácones do automobilismo nacional de competição, entrevistados pelo ex-piloto e jornalista Jan Balder, proporcionaram momentos de grande emoção ao relembrar os seus áureos tempos de corridas.
Bird Clemente foi um dos primeiros pilotos brasileiros a entrar na era da “profissionalização†das corridas nacionais. Integrou, junto com Marinho, o primeiro time oficial de um fabricante nacional, a Vemag, cujo chefe de equipe era Jorge Letry, e tinha como chefe dos mecânicos Miguel Crispim, em atividade até os nossos dias.
Juntos ― nas corridas de longa duração ― ou separados, venceram inúmeras vezes, inclusive contra as famosas carreteras de Camilo Cristófaro e dos gaúchos Catarino Andreatta e Breno Fornari. Clemente também foi o primeiro piloto brasileiro a ter salário para correr, quando foi contratado por Marco Antonio Grecco para pilotar para a equipe Willys das famosas Berlinetas Interlagos, uma das quais pode ser vista na mostra do Clássicos de Competição em sua versão original de rua.
Bird relembrou que uma das versões de competição do DKW, tinha “fantásticos†100 cv e virava 4min3s no traçado antigo de Interlagos, contra 4min07s das carreteras que tinham motor Corvette. “Eram carros com partes de alumÁnio e que já tinham a sofisticação de poder contar com relações de marchas diferentes para determinadas situações. Era maravilhoso pilotá-los, o motor tinha muito torque e o carro era perfeito de curva. O que perdÁamos nas retas para os enormes motores das carreteras recuperávamos na curvasâ€, relembra o piloto.
Marinho lembrou com saudade de uma vez que correu uma Mil Milhas em dupla com o grande Chico Landi, o primeiro brasileiro a andar na Europa com um Ferrari de fábrica. “Nessa corrida, depois de pilotar o meu turno de duas horas, entreguei o carro para o seu Chico, como todos o chamavam, e disse que o carro estava quase sem freios, ao que ele retrucou: ‘com freio qualquer tonto guia’, e saiu para a pista. Apesar de tudo terminamos a corrida em segundo lugar, com a perna cansada de bombear o pedal de freio a cada curva, para tentar “achar alguma coisa†que diminuÁsse a velocidade do carroâ€, relembra Marinho.
Luis Pereira Bueno também foi piloto da Willys, correu na Europa de Fórmula Ford e participou de algumas provas de Fórmula 1. “Lembro que chegamos na Inglaterra e não havia meio de eu conseguir bons tempos com o carro de F-Ford. Eu pensava: o que ter de tão diferente que eu ando rápido no Brasil e não consigo nada aqui? Até que um belo dia entrou um técnico do fabricante do carro, olhou, olhou e perguntou: vocês já alinharam esse carro? Olhamos um para o outro e não sabÁamos muito bem o que era aquilo. De qualquer forma, colocamos o carro no gabarito e ele estava totalmente errado. No dia seguinte, em Brands Hatch, já nas primeiras voltas bati o recorde da pista, baixei um décimo no tempo. DaÁ por diante, foram oito vitóriasâ€, comenta emocionado o piloto.
Inúmeras histórias como essas fizeram duas horas passar totalmente despercebidas. Até o próximo sábado, diariamente, muitas histórias como essas poderão ser ouvidas no Clássicos de Competição. Ao final de cada uma das palestras a platéia, como aconteceu hoje, poderá interagir com os participantes fazendo perguntas e tirando sua curiosidade.