Campeão Mundial no V International Kart GP havia sido banido do quadro de pilotos da CBA, mas recuperou na justiça comum o direito de competir.
A quinta e sexta etapas da Copa São Paulo Light de Kart, realizadas em sistema de rodada dupla no último fim de semana em Aldeia da Serra, na Grande São Paulo, representaram um marco para o esporte a motor brasileiro. Pela primeira vez na história do kartismo nacional um piloto que havia sido banido das competições supervisionadas pela Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) – ou por alguma de suas Federações -, recuperou o direito de praticar livremente o esporte em território nacional.
O paulista Alberto Cattucci, Campeão Mundial no V International Kart GP supervisionado pela Linea Brasil – entidade independente que assina, entre outros eventos, as competições de kart Biland no Brasil -, disputou as duas provas do último fim de semana sem ter sido, em nenhum momento, repreendido por ser filiado, também, a uma entidade não ligada a CBA.
Cattucci havia sido sumariamente banido do quadro de pilotos da Confederação, mas recuperou na justiça comum o direito de praticar o esporte ao qual se dedica há mais de uma década. Por si só, a decisão do juiz da 24ª Vara CÁvel do Rio de Janeiro, divulgada há cerca de um mês, já representava um marco no esporte nacional. E ganhou ainda mais força com o retorno de Cattucci.
A reestréia do piloto reforçou a conquista da liberdade de escolha por parte dos pilotos, que a partir de agora podem competir, sem medo, em qualquer modalidade ou campeonato disputado no paÁs, seja ele supervisionado pela Confederação Brasileira ou por entidades independente.
“A temporada de 2008 ficará marcada para sempre como um ponto de ruptura na ditadura que vinha sendo imposta ao esporte a motor nacional. A partir deste ano, os pilotos ganharam a liberdade de escolher em quais eventos preferem competir, já que não poderão ser punidos por participar de torneios supervisionados por entidades independentes. O Cattucci é, além de um excelente piloto, um rapaz de coragem. E um exemplo que deve ser seguido por todos os pilotos do paÁsâ€, declarou Paulo Breim, organizador dos Campeonatos da Biland no paÁs, e um dos mais ferrenhos crÁticos ao sistema monopolista imposto pela CBA.
A decisão do juiz da 24ª Vara CÁvel anulou, portanto, o artigo 48 do código desportivo da CBA, que previa a punição a atletas que participassem de eventos supervisionados por ligas independentes. Na sentença, o juiz caracterizou tal artigo como “regulamentação abusivaâ€, e conclui que não há irregularidade na participação de pilotos filiados Á confederação brasileira em eventos supervisionados por entidades não ligadas a ela – uma vez que estes campeonatos não atrapalham o funcionamento, a organização e a autoridade da CBA. Na visão do juiz, a participação em tais competições deve ser entendida como escolha privada dos pilotos, cujo livre arbÁtrio não pode ser submetido Á aprovação da confederação.